A última discussão teve como tema a favela como um possível espaço de emancipação. O que me chamou atenção nos comentários foi a idéia de que as favelas poderiam ser alvo de uma política social externa (extrínseca) à realidade e aos desejos de seus habitantes - e isso merece algumas considerações que não cabem no espaço dos comentários. Ainda, por ser importante, parece-me que, somente sentar e esperar por uma solução que "caiba nos sonhos" da expansão do acesso ao conhecimento/informação (internet inclusiva) não é nada realista. Então, vamos ao trabalho.
No que toca aos projetos sociais de urbanização das favelas, as experiências de sucesso no Brasil são poucas, mas as que se concretizaram e apresentaram "bons frutos" têm sido aquelas que contam com um processo decisório do tipo "BOTTOM-UP", isto é, os moradores definem os critérios de construção, a paisagem arquitetônica desejada, o aproveitamento do solo e outros fatores que dirigem as ações públicas (ou seja, definem aonde e como querem ver aplicados os recursos). O nome disso é "orçamento participativo" e está ligado à democracia participativa - uma "novidade" no Brasil.
No exemplo/caso do Complexo do Alemão (dado por meu amigo André), parece que existe o que vou chamar de "beneviolência" do Estado: de um lado, o governo se predispõe a ajudar com uma infraestrutura social e, de outro lado, contribui para aumentar a violência no meio social. Bem, isso deve ser repensado. O Estado do Rio de Janeiro parece querer impor ou legitimizar o seu controle social, tendo por base ações de "ordem e progresso"; não é preciso uma grande inteligência para perceber que a segurança dos 250.000 habitantes foi posta em causa pela ação da polícia. Se aquele governo quer se livrar do tráfico de entorpecentes, que crie mecanismos que impeçam a entrada da droga na favela - entrar favela adentro com escopetas e rifles é que não parece coerente, a não ser que se trate de uma "guerra justa" (e toda guerra é fundamentalmente e axiologicamente injusta). Acho que é hora de todos nós pararmos para pensar se o espaço humano que chamamos "favela" deve ser alvo desse tipo de experiência social.
No exemplo/caso do Complexo do Alemão (dado por meu amigo André), parece que existe o que vou chamar de "beneviolência" do Estado: de um lado, o governo se predispõe a ajudar com uma infraestrutura social e, de outro lado, contribui para aumentar a violência no meio social. Bem, isso deve ser repensado. O Estado do Rio de Janeiro parece querer impor ou legitimizar o seu controle social, tendo por base ações de "ordem e progresso"; não é preciso uma grande inteligência para perceber que a segurança dos 250.000 habitantes foi posta em causa pela ação da polícia. Se aquele governo quer se livrar do tráfico de entorpecentes, que crie mecanismos que impeçam a entrada da droga na favela - entrar favela adentro com escopetas e rifles é que não parece coerente, a não ser que se trate de uma "guerra justa" (e toda guerra é fundamentalmente e axiologicamente injusta). Acho que é hora de todos nós pararmos para pensar se o espaço humano que chamamos "favela" deve ser alvo desse tipo de experiência social.
Quanto à sociedade de informação, sem dúvida nenhuma que ainda é preciso navegar muito antes de vermos uma inserção das populações carentes nessa área, pois ela ainda é tratada como um "mercado lucrativo"; é evidente que não haverá acesso ao conhecimento enquanto o acesso à internet for pago e não-democrático. Para isso, uma das boas políticas foi a idéia por trás do "computador para todos". Embora tal programa não tenha realmente assegurado os meios necessários (computadores) para a implantação de uma sociedade da informação no Brasil, nem tampouco ter democratizado o acesso à internet, a idéia original ainda me parece muito apropriada. Aí está uma bandeira de luta...