Outro dia, em conversa com Mhauro, do blog MGarFil, no Q.G.F.C., perguntei se seria possível falar de uma ética da malandragem. A solução era a busca de uma deontologia da malandragem - idéia apontada pelo interlocutor já citado, uma vez que existe um aparente conflito entre a teoria da ética e a conduta do malandro - que comportaria exatamente comportamentos anti-éticos, pelo fato de serem contraditórios. Ética da malandragem, com certeza, é designação não apropriada.
Refleti o tema em meus pensamentos, procurando uma explicação para a "Lei de Gérson" que se verifica em alguns setores da sociedade brasileira; a lei da vantagem competitiva desleal tem uma aceitação demonstrada nos inquirers apresentados à população, que se justifica no sentimento de impunidade diante de tantos crimes praticados contra a República. Propus o tema "ética da malandragem" em tom de brincadeira, mas elucubrações posteriores me colocaram em dúvida minha certeza quanto à aparente falta de seriedade na proposta. Ora, a ética normativa procura os fundamentos do dever e das normas morais, sendo a deontologia aplicada uma das únicas formas possíveis de estudar o comportamento do malandro.
Bem, e quem vem a ser o tal malandro? Conceito derivado do imaginário e da literatura populares, é o sujeito desafeto da honestidade, preguiçoso e boa vida, que procura realizar seus prazeres materiais na vida fácil, longe de grandes responsabilidades e sem vínculos afetivos; pessoa criada na rua, o "filho da prostituta" ou do "cafetão", que se torna o próprio cafetão-pai de sua prostituta preferida. O termo, porém, ao meu ver, deve açambarcar todo aquele que tente "se dar bem", abusando da boa-fé dos outros, praticando atos imorais e distanciados da ética definida por um grupo, ou uma comunidade, ou uma sociedade política. Assim, poderia se encaixar na condição de malandro qualquer político envolvido e comprovadamente culpado por crimes de colarinho branco e etc., o vizinho que vasculha a correspondência alheia, o mal colega de trabalho, o marido ou esposa infiel e assim por diante.
Então, como analisar a conduta do malandro? Como interpretar o seu comportamento? Existem regras à conduta do malandro? Poderia se pensar que seria possível criar um "conjunto de regras de conduta" que pudessem ser avaliadas como comandos básicos da conduta do bom malandro, mas ele, em seu labor diário contra qualquer forma de controle, acabaria por deturpar alguma delas e criar um novo comando, numa dialética sem fim - própria do ser humano... Deime-me, entretanto, propor algumas regras práticas de um "bom" malandro (sem ordem de hierarquia):
Refleti o tema em meus pensamentos, procurando uma explicação para a "Lei de Gérson" que se verifica em alguns setores da sociedade brasileira; a lei da vantagem competitiva desleal tem uma aceitação demonstrada nos inquirers apresentados à população, que se justifica no sentimento de impunidade diante de tantos crimes praticados contra a República. Propus o tema "ética da malandragem" em tom de brincadeira, mas elucubrações posteriores me colocaram em dúvida minha certeza quanto à aparente falta de seriedade na proposta. Ora, a ética normativa procura os fundamentos do dever e das normas morais, sendo a deontologia aplicada uma das únicas formas possíveis de estudar o comportamento do malandro.
Bem, e quem vem a ser o tal malandro? Conceito derivado do imaginário e da literatura populares, é o sujeito desafeto da honestidade, preguiçoso e boa vida, que procura realizar seus prazeres materiais na vida fácil, longe de grandes responsabilidades e sem vínculos afetivos; pessoa criada na rua, o "filho da prostituta" ou do "cafetão", que se torna o próprio cafetão-pai de sua prostituta preferida. O termo, porém, ao meu ver, deve açambarcar todo aquele que tente "se dar bem", abusando da boa-fé dos outros, praticando atos imorais e distanciados da ética definida por um grupo, ou uma comunidade, ou uma sociedade política. Assim, poderia se encaixar na condição de malandro qualquer político envolvido e comprovadamente culpado por crimes de colarinho branco e etc., o vizinho que vasculha a correspondência alheia, o mal colega de trabalho, o marido ou esposa infiel e assim por diante.
Então, como analisar a conduta do malandro? Como interpretar o seu comportamento? Existem regras à conduta do malandro? Poderia se pensar que seria possível criar um "conjunto de regras de conduta" que pudessem ser avaliadas como comandos básicos da conduta do bom malandro, mas ele, em seu labor diário contra qualquer forma de controle, acabaria por deturpar alguma delas e criar um novo comando, numa dialética sem fim - própria do ser humano... Deime-me, entretanto, propor algumas regras práticas de um "bom" malandro (sem ordem de hierarquia):
1) ser dissimulado;Pergunto: não seria benéfico um detector de malandros?
2) mudar de opinião, conforme as conveniências;
3) suplantar a vontade de pessoas mais fracas;
4) abusar da confiança alheia;
5) não se sujeitar à auto-crítica;
6) não se incomodar com a crítica alheia;
7) omitir-se, mentir, enganar e ludibriar, conforme a situação;
8) diminuir o valor pessoal e atacar a moral de pessoas próximas, principalmente daquelas que nele confiam ou que dele gostam;
9) alimentar fantasias em pessoas de "inteligência fraca" ou crédulas;
10) não respeitar qualquer valor social básico.
2 comentários:
Olá, Torquilho, sinto-me feliz por ter podido colaborar na construção do pensamento desse texto e lisonjeado com tal referência.
Sobre o malandro, a sua pergunta é boa! Existem regras para uma conduta dessa? Bom, pedindo licença para um trocadilho, esses dez mandamentos do malandro, sem dúvida, se resumem em dois:
1- esforço somente para o interesse próprio;
2- responsabilidade somente para os outros.
Abraço.
MGarFil
Oi Mhauro!
O problema em estudar o comportamento do malandro é saber até quando ele observa as regras que supostamente segue.
Na realidade, o malandro é um sociopata: seu comportamento é constante (ou não) em relação ao objetivo imediato.
Existe em mim um grande desânimo em conviver nesta Terra com os "malandros"; de escândalo em escândalo, de cueca à valerioduto, de Serjão à reeleição... Enfim: se gritar "pega ladrão"...
Bom fim de semana.
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