É preciso saber lidar com a frustração, para não se deixar dominar pelo sentimento em tela. Na realidade, comprendê-la passa por saber qual é a sua origem e, depois, examinar até que ponto se pode ser influenciado por seus efeitos. Por isso, algo de arqueológico se coloca diante de quem reflete sobre isso.
Uma das primeiras e mais fáceis explicações que se pode dar acerca da origem da frustração é transcendente, isto é, ao invés de se perceber que, como sentimento que é, ela desenvolve-se dentro do indivíduo, como reação endógena a um estímulo externo, sendo, portanto, subjetiva. Não se pode realizar a frustração como algo de responsabilidade de terceiro, quer dizer, ela não tem origem na atitude do "outro", mas é, antes, uma perspectiva do "eu" em determinado contexto. Assim, jamais se pode identificar a frustração como uma decepção em relação à atitude de outrem, mas, antes, uma reação interna, de responsabilidade da pessoa que a sente em razão de uma expectativa que criou acerca de um fato ou pessoa. Senão, todas as relações humanas seriam frustrantes, e tal não se pode ter por válido, sob pena de inexistência do gozo.
Uma segunda consideração acerca da frustração tem a ver com as antecipações irracionais que o indivíduo pode operar sobre o domínio de sua realidade vivencial. Assim, examinando as suas próprias situações cotidianas, o indivíduo poderá traçar estratégias e metas, baseadas nos cálculos que faz acerca de suas capacidades. Diante de uma falha nessas medições, tem-se um nível de frustração eficaz, válido e até sadio, pois influencia positivamente o ser a buscar novos métodos e aprovisionamento de forças para vencer os obstáculos futuros - mas é claro que se está a descrever o comportamento arredio à depressão, coisa tão comum nos tempos que correm.
Então, quando a frustração é real e em que medida pode ser útil? Difícil responder a essa pergunta. Minimamente, para considerá-la algo útil, quer no sentido biológico, quer no mental, é preciso dispor de tempo para refletir sobre sua origem e efeitos; o reposicionamento do pensamento, a reflexão, quer dizer, toda a atividade mental necessária à compreensão do ser na curva espaço-tempo e à reorganização da vida são commodities escassas, disponíveis a $eleto grupo de indivíduo$. Agora, se é real ou simplesmente uma fraqueza de espírito, aí é uma questão de se avaliar com que repetitividade esse sentimento costuma se repetir no cotidiano, se isso não demonstra certa imaturidade e assim por diante.
O fato é que a frustração é algo a se discutir diante desses níveis de ansiedade que aumentam no corre-corre da contemporaneidade. Ser saudável é saber lidar com as próprias emoções e com as dos outros, lembrando-se que poucos são aqueles que têm tempo para avaliar suas atitudes e compreender o mundo no qual estão inseridas. Enquanto isso... frustrações para você, nesta data, querida.
Um comentário:
Considero importante pararmos um pouco para refletir de onde provém o que sentimos em relação aos acontecimentos diários. A frustração é algo presente no cotidiano, e, é verdade que, na maioria dos casos, costumam as pessoas terceirizar a culpa por tal sentimento...
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