De acordo com esta propaganda, aquele que tiver vinte mil dolares pode adquirir um lindo terreno de praia no Brasil. O texto do anúncio é claro: compre o seu pedaço de terra paradisíaca num mercado emergente, antes que o preço desse tipo de imóvel torne-se inacessível. Assim, é possível afirmar que avança o processo de privatização global de terrenos públicos (como são os terrenos de marinha, no País) e espaços naturais (florestas, reservas naturais e etc.), em detrimento dos interesses socais correlatos às populações praianas e ribeirinhas, nativas dessas regiões.
A relativização desses direitos sobre a propriedade e o desequilíbrio evidente entre liberdade e igualdade (função pública da propriedade versus direito à propriedade privada) podem significar uma tragédia social nas próximas décadas, não só em decorrência da explosão demográfica nas capitais brasileiras - já densamente povoadas -, mas também da depredação ambiental da biota. O pior é ter que assistir isso de camarote, com pouco ou nenhum poder de reação, sabendo inclusive que, a contrario senso, a maioria da população brasileira dirige suas atenções e hostilidades contra as populações indígenas que lutam para garantir seu espaço de sobrevivência digna -- ao invés de reagir, por exemplo, contra a venda do território litorâneo.
Isso me faz lembrar a música "Aluga-se" de Raul Seixas:
Os estrangeiros eu sei que eles vão gostarTem o Atlântico, tem vista pro marA Amazônia é o jardim do quintalE o dólar deles paga o nosso mingauNós não vamos pagar nadaNós não vamos pagar nadaÉ tudo freeTá na hora agora é freeVamos embora dar lugarPros "gringo" entrarPois esse imóvel está pra alugar
Mais sobre o loteamento do Brasil aqui.
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