(Texto enviado por Assia Giannelli - Firenze, Itália)
Estou te escrevendo em um dia muito importante: hoje se realizarão as eleições e esta noite nós saberemos se seremos governados numa democracia verdadeira ou se nós continuaremos na falsa democracia “berlusconiana”, porque a democracia não é só "o governo da maioria", mas respeita os direitos e as responsabilidades de todos os cidadãos.
Um fundamento característico de cada democracia é que os programas e os objetos estão estabelecidos completamente através dos debates comunitários e não através do decreto da autoridade: e é justo devido à falta desta interação mútua entre os líderes e os cidadãos que provocaram as tensões na França. Desde o começo de fevereiro, os estudantes da maioria das grandes cidades francesas se mobilizaram afim de expressar sua têmpera contra aos ataques econômicos do governo, de encontro ao Contrato de Primeiro Emprego (CPE). Na minha opinião, a têmpera dos estudantes é mais do que legítima! É, de fato, um problema que interessa também à Itália, desde que uma lei similar (legge Biagi) foi promulgada aqui. As instituições de instrução nacional (faculdades, colégios, universidades...), desta maneira, se transformariam em fábricas de vagas, tanques do trabalho de mão-de-obra em benefício do mercado. O CPE, chamado mais elegantemente de “trabalho flexivel”, é praticamente uma precariedade organizada, mas o problema é que a precariedade atinge não somente os jovens; todas as gerações futuras virão tocadas pelo desemprego, precariedade e miséria. A razão que o governo dá é que a flessibilità/precarietà dará força à economia e que as companhias poderão trabalhar ao melhor. Mas a precariedade não poderia nunca servir de ajuda às empreas, porque criará trabalhadores sem motivação, sem aquele sentimento que representa um valor adicionado de importância máxima e que é o citizenship organizational behaviour. De fato: porque se ingressar num trabalho que vou perder em poucos meses? E a insegurança no trabalho será refletida obviamente em diversos aspectos da economia do país, com reflexos sociais importantes, como a precariedade de encontrar, estabelecer e construir uma família.
Toda esta situação vai difundindo um sentimento de insegurança no futuro; é por isto que se diz que esta geração é a primera da História que tem menos possibilidade de possuir um ambiente familiar ... pra mim é uma coisa espantosa! Este tipo de gerência do governo parece sempre mais um sistema decadente, que não tem nada a oferecer às novas gerações e isso remove a coisa mais importante que caracteriza sempre a juventude: a habilidade enorme de sonhar... e é esta força que existe para girar o mundo ou não!!?? Observamos, nesta realidade observada, um sistema corrupto e uma crise econômica insolúvel. Um sistema que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, gastou somas enormes de dinheiro e recursos econômicos na produção de armamentos mais e mais sofisticados. Um sistema que, na Guerra do Golfo, em 1991, não pára de espalhar o sangue e a pobreza em todo o planeta.
Estou me dando conta que, na universidade e entre os jovens em geral, a volta das palavras “revolução” e contestação; a proclamação dessas palavras de ordem vêm se repetindo mais que nunca. Vejo que não é um sinal a se subestimar... Enfim, enfrentando o "grupo dos bárbaros” (como falamos aqui!) - em seu revestimento e na gravata que nos governa -, as gerações novas devem ser recordadas da experiência de seus antepassados. No detalhe, devem ser recordados de o quê houve em maio 1968 em muitos países de Europa. A batida maciça do Maio de 68, na extensão e da maneira que ocorreu, foi no intuito de adquirir direitos civis que hoje nos parecem óbvios!! (aborto, divórcio, etc...). O Maio de 68 demonstrou que a contestação não é uma parte velha do museu humano, mas representa o único futuro possível para a sociedade. Os estudantes estão se dando conta de que no quantos futuros vacates pertencem, em sua maioria grande, à classe média.
Para finalizar e concluir minhas idéias, quero relembrar que tinha lido recentemente que, no Brasil, na universidade de Vitoria da Conquista, os estudantes manifestaram a vontade de discutir acerca da história dos movimentos dos trabalhadores. Provavelmente, compreenderam que é justo mergulhar na experiência das gerações passadas, para que as gerações novas possam reestabelecar a chama da luta, exercida por seus pais e avós e por aqueles que a acenderam antes. Creio que estes estudantes têm intenção de escutar aqueles que poderiam transmitir-lhes este passado, em função do qual devem fazer o exame do controle e das conquistas; intenção que criará as condições ideológicas para que estas novas gerações podessam construir seu futuro. Descobriram que a História da contestação, a História viva está compreendida não somente nos livros, mas também na ação. E parece que esta ação está já dando os seus frutos! Então... cruzamos os dedos!!!
Un bacione e a presto!!